sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hemodiálise


Um ano e meio em CAPD, terceira peritonite. Achei que esta seria simples como a segunda, mas não foi bem assim. A cada troca, parecia estar infundindo fogo no meu peritônio. Pseudomonas é barra. Andei “curvado” bastante tempo ainda depois de retirar o tenckhoff. Meu anjo, minha mãe, foi literalmente meu apoio. Uma fístula, a única, outro cateter até sua maturidade. Com cara de japonês, desmaiei kk. Creio que essa foi à única vez. Lembro do Dr. Marcio trabalhando para conter a hemorragia. Bons tempos. Meu medo era tanto que não pude perceber a grandiosidade daqueles pequenos atos. Iniciei na Hemodiálise. Que vergonha, 5 quilos na primeira sessão, a chamada de atenção foi inevitável... Também, merecia aquele churrasco na casa da mãe. Cada caso é um caso, e no meu caso a hemodiálise me trouxe uma qualidade de vida melhor. Passei a ir pra casa todos os finais de semana. Meu médico me ajudava toda sexta feira para que eu pudesse fazer a viagem pra casa... Sem estresse, sem usar sua ajuda como moeda de troca. Aguardei uma vaga num centro de diálise mais próximo de casa. Chegou a hora... Transferência... Uma nova etapa.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

02/11/2009, Um dia na Hemodiálise


Estou aqui, cansado na matéria, grato sempre, ansioso pelo trabalho. Estou de pé, alegre, feliz, emocionado, radiante, porém meu corpo físico parece por um fio. Como uma máquina desgastada no seu conjunto de peças. Um desgaste pelo qual sou responsável. Será que devo abdicar do meu compromisso com outros quando esse me prejudica fisicamente? Hoje minha resposta, meu senso de responsabilidade me diz para honrar meu compromisso. Ah... Obrigado Senhor, Irmãos... Poder sentir uma brisa perfumada de esclarecimento me renova. Sinto meu coração leve nesse momento, sem a pressão física que eu o submeto, sempre. Como ter paz em meio a conflitos se sentindo responsável, compromissado primeiramente com o bem estar do outro. Qual a medida correta da moral? Sinto o peso da palavra, apesar dela ser incapaz de expressar sobre o que falo. Qual o sentido em viver por si? “O orgulho me rodeia querendo me tirar o foco da idéias” Egoísmo... Não consigo fazer por mim, assombrado que posso estar incorrendo nesse erro, imoral... Imoral?! Sinto novamente o peso do corpo e enquanto isso uma criança chora. Não pode cessar o desejo, a consciência, a ação. O tempo de “bola parada” no nosso campo espiritual é além, e vai além do tempo de “bola em jogo”, em muito. São tantas palavras que os sentimentos falam, que as palavras não podem expressar. Não sei sobre solidão, mas ela sabe sobre mim. Edson.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Fevereiro, 1998



Fui encaminhado por mãos divinas àquela clínica. Só pela lembrança, um nó na garganta aparece. Não poderia ter sido melhor guiado. Uma equipe que me acolheu fraternalmente e me instruiu. Me expondo possibilidades e estimulando a pensar sobre toda a situação. Somente hoje consigo perceber a fundamental importância daquele momento. Não vou citar aqui os nomes daqueles que foram importantes pra mim naquele momento, pois seriam muitos os relacionados. Mas todos estão na minha lembrança e meu coração.
Agradeço a minha família por ficar a meu lado nesse momento.

Infundindo uma solução límpida e drenando um líquido de aspecto turvo que indicava haveria dias ainda não muito agradáveis, dias difíceis naquela UTI. Uma infecção peritoneal que insistente, teimou, adiando o CAPD (Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua).
Depois de outras tantas etapas vencidas, enfim, retornei pra casa.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Janeiro, 1998


Outrora havia dito a minha família que gostaria de levá-los a praia. Eu mesmo já estava muito precisado disto. E nesse instante minha vida tomava um rumo inesperado, tampouco cogitado em meus pensamentos. Praia agora, como?

Estava internado para maiores exames e confirmação do consumado, a falência renal.

Iniciei, naquele domingo, DPI (Diálise Peritoneal Intermitente). Cada etapa pra mim foi realmente difícil.

Após a “alta” médica, ingenuamente acreditei estar em condições de retomar as rédeas da minha vida. É claro que muito havia por transformar-se. A partir dali, muito aprendizado.

A praia? Depois de dialisado e antes de retomar o tratamento, peguei os meus e fomos.